Neymara Carvalho, Pentacampeã mundial de bodyboard e integrante da Equipe Kpaloa, falou um pouco sobre a sua carreira de sucesso para a nossa atleta e repórter Paola Simão. Veja a seguir a entrevista.
1 – Desde o início da sua carreira , você foi apontada como promessa, não passou muito tempo, você entrou para o celeiro das melhores atletas do mundo no cenário do esporte. Hoje, é ícone mundial e um orgulho Brasileiro. Qual foi a principal mudança que o esporte fez na sua vida pessoal e como atleta?
O esporte transformou minha vida num contexto geral. Eu venho de uma família muito simples, aonde meus pais vieram morar na Barra do Jucu (ES) e montaram um pequeno negócio aqui. Desde então eu fui criada na beira do Rio Jucu, onde aprendi a nadar e depois por influencia do meu irmão, eu descobri a água salgada (que eram as ondas do Barrão). Ele começou a surfar de prancha e na época existia um boom gigante das irmãs Nogueira. Nesse momento, acontecia o Circuito Castelinho, que passou pelo Espirito Santo, e eu pude ver do meu lado as estrelas surfando (nessa época tínhamos um quiosque na praia e eu ficava só assistindo). Foi quando me encantei e comecei a me interessar a me divertir nas ondas.
Dali eu conheci o Gordinho, que foi o principal influenciador para que eu virasse uma competidora junto com outras pessoas ao longo da minha carreira. Ele começou a me levar para competir no Rio e eu comecei a enxergar que eu poderia fazer dessa diversão uma profissão. Logo depois eu peguei um pequeno patrocínio que dava realmente uma condição de pensar num futuro profissional. E assim foi fluindo e eu me dedicando cada vez mais, procurando mais ajuda de pessoas experientes. Criei um laço muito forte de amizade com a Karla Costa que até hoje é minha grande amiga, onde crescemos juntas nas competições, manobras e nas experiências.
Eu pude transformar a minha vida pessoal, ajudando meus pais a construir uma casa, presenteando com algumas coisas materiais, que antes não tínhamos condições. Eu digo que não tenho certeza se eu escolhi o esporte ou o esporte me escolheu. Eu tenho esse talento e me dediquei a esse sonho de ser campeã.
Na época, não existia o sonho de ser uma Pentacampeã mundial, mas de ser uma campeã em Pipeline, pois era isso que almejávamos antes mesmo de existir o circuito mundial. A partir do momento que ganhei Pipeline e criaram o circuito mundial, as coisas viraram metas, eu tive vontade de bater recordes, de ser bi, tri e assim foi, graças a muita dedicação. Hoje me sinto responsável por levar a diante. Me sinto grata e realizada.
2- Há uns anos atrás, você ingressou na carreira política e anunciou sua aposentadoria, mas vimos que além de mudar de ideia, você ganhou várias etapas do circuito mundial, se mantendo ainda, como uma das atletas mais constantes do tour. O que te fez retornar?
Nessa época estava em um momento de incerteza, eu já tinha alcançado uma sequencia de títulos como ser pentacampeã mundial. Parecia que estava sem objetivo, já satisfeita e não tinha mais o que buscar e anunciei minha aposentadoria ingressando numa nova carreira que seria a política. No meio dessa fase, senti muita saudade das competições. Foi quando teve uma etapa do brasileiro na Bahia, na qual eu fui despretensiosamente e acabei sendo vice. Fiquei tão feliz que me senti uma menina começando tudo de novo, e eu decidi que é essa alegria que quero manter na minha vida, o esporte me traz isso.
Mesmo competindo com as meninas que são mais novas e com o surf atual, eu busco através delas estar em constante evolução. Da mesma forma que mostro a minha longevidade a elas, o meu amor pelo esporte, eu vejo nelas também vontade de aprender comigo e trocar experiências.
3- Nos conte um pouco dos momentos mais marcantes da sua carreira?
Tiveram vários momentos marcantes da minha carreira que eu pontuo com muito carinho. Com certeza a primeira vitória em Pipeline foi inesquecível porque acho que era e é, o sonho de todo mundo que pratica o bodyboard e via desde os anos 80 as meninas fazendo historia lá. Realmente foi um sonho que mantenho vivo com muito carinho. Dali que apareci para o mundo como promessa a um título mundial. Outros momentos marcantes, foram viagens para lugares lindos e mares incríveis como Indonésia, surfar Super Suck, Scar Reef (na ilha da Sumbawa).
E o momento mais marcante e emotivo na minha carreira, foi após o nascimento da minha filha, na qual voltei a competir e ela tinha apenas dois meses. Carreguei ela para o circuito inteiro e conquistei meu terceiro título mundial. Com certeza após a maternidade gera diversas duvidas, mas eu tive a certeza que estava no caminho certo.
4- Seus planos para 2018?
Correr o circuito mundial e batalhar por uma etapa do circuito mundial no nosso país.
5- Como você vê o futuro do esporte?
No futuro eu vejo diversos atletas, ex atletas e dirigentes que tem esse amor pelo esporte, envolvidos e comprometidos dando continuidade ao crescimento do bodyboard. Temos hoje pessoas que já foram grandes atletas no meio das organizações mundiais. Eu acho que esse é o caminho e eu vejo com muito bons olhos, uma nova fase daqui para frente.
Quero agradecer a Kpaloa por todos os anos de incentivo e apoio. Me sinto honrada por ser membro dessa família e por ter um modelo de pé de pato, desenvolvido por mim. Em breve estamos cheio de novidades…