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Diário de um guarda-vidas: João Bazelatto conta sobre dois resgates que lhe marcaram

O capixaba João Bazelatto “Foca”, que conquistou o título de campeão do Kpaloa Brasileiro de Bodysurf, é guarda-vidas há 7 anos e relembra dois resgates aquáticos que marcaram sua memória.

“Certo dia estava a trabalho no Posto do Barrão, eu e um amigo também guarda-vidas. Estava muito frio e chovia bastante. Na época, não havia um posto físico do grupamento Salvamar da Prefeitura e diante das condições climáticas daquele dia, ficamos monitorando a praia de dentro do carro.

Chegou o horário de almoço e fui comer. Ao retornar para a praia, substitui meu parceiro para que ele pudesse almoçar. Fiquei na praia que estava deserta, ainda em serviço. Até que de repente avistei uma vítima lá no fundo. E o mar estava muito revolto, ondulação de sul, extremamente perigoso, as ondas quebravam nas pedras com muita força. Foi quando me dei conta que meu equipamento de salvamento aquático havia ficado no carro do outro guarda-vidas.

Não pensei duas vezes e imediatamente corri para resgatar a vítima. Tirei minha calça do uniforme e mesmo sem equipamento entrei no mar. Já imaginava o que iria enfrentar porque quando o mar está agitado na Barra do Jucu só é possível sair por outra praia, a praia da Concha, que fica atrás do morro. Dependendo de como estiver a correnteza normalmente é preciso nadar cerca de 150 a 200 metros.

Ao chegar próximo à vítima, notei que a mesma estava alcoolizada e pelo jeito tinha acabado de almoçar. Era um homem que desesperadamente tentou se apoiar em mim para boiar, mas apliquei as técnicas para me desvencilhar. Comecei então a conduzir a vítima em direção a praia da Concha, mas a correnteza estava muito forte e quase me jogou para cima das pedras. Então tive que remar contra a correnteza para conseguir dar a voltar e entrar na praia da Concha. Apesar de estar sem equipamento e a vítima ser um homem de grande porte, foi possível realizar o salvamento com sucesso.

Outro resgate que me marcou foi no mesmo lugar. Uma vítima foi levada para as pedras devido a forte correnteza. Precisei nadar muito rápido, dar um sprint mesmo para evitar uma fatalidade, pois aquela região era bastante perigosa. Consegui me aproximar da vítima e quando fui pegar em sua mão uma onda muito forte veio e acabei sendo jogado para debaixo das pedras.

Fiquei rodando ali por segundos que pareciam minutos. Naquele momento foi Deus mesmo que me protegeu porque eu poderia ter batido nas pedras e aí se tornar uma vítima também. Mas felizmente deu tudo certo e consegui fazer a retirada da vítima que estava com alguns cortes por conta das pedras.

O que me ajudou muito nesse salvamento, assim como em tantos que já fiz na minha vida, foi o pé de pato Kpaloa. Ele é completa em vários aspectos, como a propulsão, potência na batida de pernas para chegar até a vítima e fazer o reboque efetivamente, conforto também e praticidade na hora de calçar e retirar a nadadeira.

E para finalizar, gostaria de dizer que sou muito grato pela minha profissão. Não há mais nada gratificante do que saber que você pode ser herói de várias vidas por tantas vezes. Sou grato por poder devolver a vida de um desconhecido, por soprar ar novamente no pulmão de um ente querido de alguém e conseguir traze-lo de volta. Para mim é uma profissão honrosa, muitas vezes pouquíssimo valorizada, mas sou guarda-vidas com orgulho! Vidas alheias, riquezas a salvar. Destreza, coragem, treinados pra salvar, essa é a missão do grupamento Salvamar, GV, Brasil.”

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Team Kpaloa

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