HIGH POWER PROPULSION

Nas braçadas rumo ao topo com Phelipe Rodrigues, atleta paralímpico da natação brasileira!

Multimedalhista em campeonatos mundiais, recordista parapan-americano, figura conhecidíssima nas últimas três edições dos Jogos Paralímpicos. Esse é um resumo das muitas conquistas do nadador pernambucano Phelipe Rodrigues, que aos 30 anos vai em busca do seu maior objetivo: o ouro em Tóquio. Recentemente, Phelipe entrou para o time de atletas da Kpaloa e contou sobre sua história, objetivos e expectativas para esse ano tão importante para o esporte.

Como o esporte e mais especificamente a natação acabaram entrando na sua vida?

A natação entrou na minha vida como forma de reabilitação fisioterápica. Ainda quando criança, aos 6 anos de idade, por conta da minha deficiência. Eu não me dava muito bem com o método convencional de fisioterapia tens (famoso choquinho) e como eu tinha muito problema de articulação e de coluna / lombar, a natação era o mais indicado para a minha situação. Então fui criando muito gosto pelo esporte e até hoje eu pratico com amor.

Pode nos contar mais sobre a deficiência? Aliás, como era a sua vida antes do esporte?

Não apenas no aspecto físico, mas também no contexto da socialização. Eu nasci com o pé direito torto – virado para trás – grosseiramente falando: pé de curupira. E  quando bêbê ainda, eu passei por duas cirurgias e no processo pós-cirúrgico acabei tendo uma infecção hospitalar. Quase precisei amputar a perna do joelho para baixo se minha família tivesse demorado mais para me levar ao hospital para ver o que estava acontecendo comigo – não parava de chorar e tinha muita febre durante 3 dias seguidos ainda com 1 ano e 6 meses de idade. E por conta disso eu tenho um dano neural na minha perna direita inteira onde o sistema neurológico foi bastante afetado. Minha perna direita é consideravelmente mais fraca do que a esquerda. Não tenho nenhuma articulação no meu pé direito e meu pé direito é 6 números menor que meu esquerdo.

E quando você decidiu tornar-se atleta profissional de natação? Alguém te inspirou ou você escolheu esse caminho por vontade própria?

Quando eu tinha 12 anos de idade, a minha família se mudou do estado de Pernambuco para o estado da Paraíba por conta do trabalho do meu pai e, com isso, eu possivelmente iria ter que parar de nadar (até então eu treinava em Olinda). Mas eu não queria isso e minha família fez de tudo para que eu continuasse a praticar o esporte que eu gosto e amo até hoje. Chegando em João Pessoa eu entrei para a equipe do Grêmio CIEF (conhecida hoje como Vila Parahyba) e comecei a participar de competições regionais e estaduais. Nos anos seguintes eu nem me toquei o tempo que eu estava praticando o esporte e quando vi estava começando a ganhar campeonatos regionais convencionais, isto é, de pessoas sem deficiências. Cheguei a ganhar o 3º lugar no campeonato brasileiro juvenil e, dois anos depois, enquanto eu estava treinando em janeiro de 2008, um atleta paralímpico me viu treinando e me convidou para participar do esporte adaptado. Meu pai e minha mãe foram as minhas inspirações neste momento, que foi justamente quando eles me incentivaram a agarrar esta oportunidade que se desse certo eu só tinha a ganhar e se desse errado não tinha nada a perder. Foi neste ano e neste momento que eu entrei no paradesporto. Em poucos meses estava convocado para a Paralimpíada Pequim 2008. Era surreal, pois no mesmo ano em que eu conheci o paradesporto, já estava ali participando das Paralimpíadas de Pequim e ganhando duas medalhas. E foi neste momento que eu decidi me tornar um atleta profissional de natação.

31/08/2019 – Jogos Parapanamericanos Lima 2019 Natação Phelipe A. Melo Rodrigues, (Crédito: Saulo Cruz/EXEMPLUS/CPB).

Quais foram as suas maiores conquistas como atleta? Conte sobre os pódios e recordes.

Sou o atual campeão brasileiro nas provas de 50 e 100m livre na categoria S10. Participei de 3 Jogos Pan-Americanos (Guadalajara, Toronto e Lima) somando 17 medalhas. Na última edição, conquistei o recorde parapan-americano nos 50m livre e fui o maior medalhista brasileiro na competição, com um total de oito medalhas. Tenho também 16 medalhas em campeonatos mundiais, sendo que em 2017 conquistei o campeonato mundial nos 50m livre. E em 2016  fui o campeão europeu na mesma prova. Em Paralimpíadas, ao todo conquistei sete medalhas, duas de prata em Pequim 2008, uma de prata em Londres 2012 e duas de prata e duas de bronze na Rio 2016.

Fale um momento de superação e felicidade em sua carreira.

Sem dúvida o meu maior momento de superação foi nas Paralimpíadas de 2012, onde eu era um dos mais cotados para o ouro na prova dos 50m livre. Eu apenas pensava na medalha de ouro e como aquela seria a minha primeira e principal prova de um total de cinco provas que eu iria nadar na competição, eu estava esperando demais e me cobrando muito pelo resultado. Infelizmente acabei ficando com o 4º lugar por erro meu e ansiedade excessiva. Aquilo para mim foi uma decepção, uma derrota imensa e a partir do momento em que eu saí da piscina eu pensava “se na minha primeira e principal prova eu já nadei ruim, como serão as próximas quatro?”.

Lembro até hoje que foi um momento muito difícil na minha carreira. Do momento que eu saí da piscina até umas três e meia da manhã eu não parava de chorar e me sentia muito mal, mas finalmente me rendi ao cansaço e dormi. Na manhã seguinte eu tinha uma prova que eu não tinha chance nenhuma de ir para a final. Eram os 100m nado borboleta. Estava super desmotivado para nadar, além de super cansado, mas mesmo assim eu fui para piscina e quando cheguei para aquecer eu pensei comigo mesmo “eu ainda vou ter que nadar mais quatro provas e duas delas são revezamento. O Brasil precisa de mim”. E foi aí que eu comecei a pensar em como voltar para a competição e nadei a prova dos 100m borboleta (eliminatória) com muita raiva, e acabei fazendo meu melhor tempo da vida e acabei também indo para a final com o 6º tempo. Foi aí que eu pensei comigo mesmo “50 livre já foi, vamos para as próximas”. Voltei para a Vila e descansei o que eu não tinha descansado na noite anterior e nadei a final dos 100m borboleta abaixando ainda mais o meu tempo e ficando em 4º lugar no mundo. Neste momento eu me recuperei 100% da minha derrota do dia anterior e comecei a focar nas próximas provas. Dois dias depois eu nadei minha segunda melhor prova que é os 100 livre e ganhei a medalha de prata que eu esperava junto também com as melhores posições em revezamento da seleção brasileira na história dos Jogos, na qual eu também tive participação.

E você imaginou que poderia conquistar tanto por meio do esporte? O que a natação representa na sua vida?

Eu nunca parei para pensar o tanto de coisas que eu poderia conquistar até hoje, mas eu sempre mirei muito alto. Meu sonho é ser campeão paralímpico e me falta pouco. No caminho para este sonho eu sabia que eu teria que passar por muitos desafios, mas eu em momento algum nunca deixei de ter outras metas menores como degraus da minha principal e isso foi apenas fluindo. Hoje eu sou muito grato ao esporte e em especial à natação por ter me proporcionado muitos momentos felizes e muito aprendizado na minha vida tanto de atleta como pessoal.

Tóquio vem logo aí! Quais as expectativas para essa Paralimpíada? Como está a sua rotina de treinos?

A única coisa que falta na minha carreira é ser campeão paralímpico. Por isso, tenho me esforçado muito para manter o meu ritmo de treino mais próximo do que era antes da “pandemia”. Tenho treinado 11 vezes por semana para que eu possa estar representando o Brasil da melhor forma e realizando esse sonho.

Como se sente sabendo que agora você faz parte do time Kpaloa e o que espera dessa parceria?

Fico extremamente feliz em fazer parte do time Kpaloa justamente porque eu sempre ouvi falar muito não só na natação, mas também no bodyboarding (eu surfo às vezes também). Sempre tive recomendações de que os pés de pato da Kpaloa eram os melhores e como eu usava de outra marca, acabei pegando emprestado algumas vezes. Logo vi a diferença de performance que têm em relação aos outros e fiquei empolgado para ver a melhora do meu desempenho nos treinos e principalmente nas competições. Esta parceria mostra que não só a Kpaloa se interessa em proporcionar o melhor para seu atleta, mas também o atleta também procura ter o melhor e mais moderno equipamento para treinamentos.

Share on facebook
Facebook
Share on pinterest
Pinterest
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Team Kpaloa

Team Kpaloa

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *