Há mais de uma década, a atleta profissional de bodyboarding Paola Simão se mantém em evidência no cenário nacional e internacional. Além de correr campeonatos, Paola sempre foi adepta do free surf e hoje concilia a vida de atleta com as aulas que ministra em sua escolinha de bodyboarding. Saiba mais sobre a rotina da big rider do time Kpaloa, além dos excelentes resultados conquistados recentemente!
Como é seu dia a dia? Como você organiza a sua rotina de atleta?
Eu treino todos os dias, não só no mar, mas fora d’água também. Gosto de fazer uma mistura nos meus treinos semanais. Treino no CT do Eduardo Vianna, onde ele prepara treinos específicos para atletas de alto rendimento. Trabalhamos bastante equilíbrio, mobilidade, cardio, manobras e etc. Intercalo também com crossfit e muito trekking em montanhas, até porque esse é um dos meus trabalhos, então tem semana que praticamente faço treino nas montanhas todos os dias (risos).
Na sua opinião e se baseando na sua experiência, como é possível manter a alta performance durante tantos anos?
É possível se você não parar de praticar e entender que o esporte faz parte de você, que é sim, uma das coisas mais importantes e prazerosas da vida. No caso da minha, é assim que vejo o esporte (risos). Com o tempo é natural a performance cair, principalmente se você não surfar mais com tanta intensidade. Por isso a importância dos treinos constantes, das surf trips, da alimentação saudável e principalmente, a saúde mental. Tentar buscar caminhos prazerosos que te mantenham sempre na frequência da alegria.
Alimentação, frequência de treino, dedicação, foco… tudo isso influencia no resultado que o atleta colhe a cada competição. Pensando nisso, como você enxerga o papel dos equipamentos nesse cenário, especialmente a contribuição do pé de pato no seu desempenho?
O equipamento, é um fator de grande importância para a evolução da nossa performance. Uma prancha ou um pé de pato ruim, depois de um tempo, não permite que você vá muito além. Eu amo o resultado do pé de pato da Kpaloa. Ele me dá a propulsão necessária para qualquer tipo de mar, qualquer condição.
Você vem em uma crescente muito boa. Fez pódio no Circuito Recreio dos Bandeirantes, foi campeã pela segunda vez do Prêmio Brasileiro de Ondas Grandes com uma onda irada em Itacoatiara. E agora foi vice-campeã na etapa de São Conrado válida pelo Circuito Brasileiro. Ao que você atribui essa avalanche de bons resultados?
Desde o ano passado, eu estava sentindo falta de fazer uma surftrip para focar nos treinos intensamente, como costumo fazer a anos. Devido a pandemia e a nossa instabilidade, tive que adiar alguns planos. No início do ano, decidi que iria para Fernando de Noronha, dar esse gás nos treinos. E deu super certo! Acabei indo em março, no fim da temporada, mas que por sorte, rolou um swell atrás do outro. Essa trip me ajudou muito a manter o rip, pois quando cheguei no dia seguinte, ocorreu a primeira etapa do Circuito do Recreio. Fui campeã desta etapa e na semana seguinte, saiu o resultado do Prêmio Brasileiro de Ondas Grandes, onde fui sagrada bicampeã brasileira. Tudo isso me deixou mais confiante. E no embalo, iniciou o Circuito Brasileiro de Bodyboarding, etapa em São Conrado, uma das melhores ondas do Rio de Janeiro. E o campeonato terminou em Copacabana, com condições épicas e assim consegui conquistar a segunda colocação. Acho que quando estamos focados, no rip de treinos, viagens e campeonatos, a gente acaba lapidando mais o nosso surf. Outra coisa que está sendo fundamental na minha evolução é ensinar. Depois que abri a GPS, minha escolinha junto com meu amigo atleta Gugu Barcellos, comecei a me analisar mais, buscando consertar os meus próprios erros e vícios dentro do meu surf. O ato de ensinar acaba sendo um enorme aprendizado para nós mesmos.
Por ser local de Itacoatiara, provavelmente é por isso que está super acostumada a lidar com mar grande, ondas pesadas. Conta como foi a etapa de São Conrado, mar ressacado, mudanças do local de competição, Posto 5 de Copacabana grande também.
A etapa foi intensa. Nos primeiros dias o mar estava de sudeste e apresentou condições clássicas e lindas para o campeonato. Já no segundo dia o cenário mudou, a ondulação entrou de sudoeste gerando uma correnteza muito forte, já oferecendo muito desconforto aos atletas. No domingo, com o mar gigante, a ansiedade e a adrenalina dominando, eu comecei a praticar exercícios de respiração para me acalmar. E deu super certo, pois o mar estava de gala, proporcionando um verdadeiro show de bodyboarding no mar de Copacabana.
Quais objetivos você estabeleceu para o ano de 2022? Como você quer finalizar essa temporada? Depois desse rendimento tão positivo no início do ano, gostaria de correr o Circuito Mundial, que começa agora em maio no Chile, com duas etapas importantes. Estou buscando parcerias que me ajudem nessa empreitada. Continuarei competindo o Circuito Brasileiro e os regionais e, claro, vou tentar buscar mares maiores para o Prêmio Brasileiro de Ondas Grandes 2023. Quero também me dedicar à escolinha e às clínicas de imersão que vou começar a fazer esse ano pelo Brasil, só com o bodyboarding feminino!