Neymara Carvalho, pentacampeã mundial de bodyboarding e atleta do time Kpaloa, voltou ao tour mundial com tudo. Aos 46 anos, a capixaba apelidada carinhosamente de “Neymáquina”, chegou à final da primeira etapa do circuito e conquistou o vice-campeonato mundial mostrando muita radicalidade nas manobras. Esta semana, Neymara falou sobre o campeonato, a repercussão do resultado, a relação especial com a filha e com a Kpaloa.
Você retornou ao Circuito Mundial esse ano e arrebentou na etapa de Iquique. Qual a importância dessa conquista e ao que você atribui esse belo resultado?
A importância desse resultado, para mim, é a certeza de que eu deveria estar aqui, fazendo justamente o que mais amo, essa é a minha certeza. E através desse resultado, motivar mais meninas / mulheres iniciarem ou até mesmo retornarem ao esporte, fazendo com que elas possam acreditar nelas mesmas. Assim como eu, que treinei e acreditei que poderia a cada bateria ir adiante e chegar na final.
Como você vê a repercussão desse vice-campeonato em Iquique, tanto de modo geral como também para as atletas que são da sua geração e que pararam de competir?
A repercussão foi muito boa, muitos amigos, fãs e admiradores do esporte vibraram durante e após o resultado. Foi muito legal sentir essa energia da galera torcendo e vibrando junto, acho que o fato de termos ficado dois anos sem o circuito mundial foi um fator para tanta repercussão também. Eu espero que minhas adversárias dos tempos passados possam se motivar e participar da etapa ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro do Circuito Mundial que acontecerá no Brasil, em junho.
Ao longo dessa etapa e de tantos outros eventos, você competiu com meninas muito mais jovens do que você. E, apesar disso, você vem mostrando que a performance no bodyboarding não é influenciada negativamente pelo passar do tempo como ocorre em outros esportes. O que falar sobre essas vivências que o bodyboarding é capaz de proporcionar?
Eu acho que uma quantidade maior de meninas da minha geração poderiam estar aqui e também vencendo, mas por fatores diversos não estão. Eu amo esse esporte e esse ano conto com o patrocínio da ArcelorMittal para poder ter tranquilidade e continuar sendo profissional. Isso faz total diferença. Na minha opinião, o que falta muita das vezes são mais empresas acreditando em atletas consolidadas e enxergando que o retorno vai além do primeiro lugar no pódio, mas sim a motivação para uma prática esportiva, uma qualidade de vida melhor, uma aproximação do filho e acompanhamento do mesmo, o fato de que a mulher pode sim fazer um esporte além da juventude e mostrar força, garra e responsabilidade.
Você tem uma vasta experiência não apenas nacional, mas internacional também, é um ícone mundial do esporte. Então qual a sua opinião sobre o cenário feminino do bodyboarding nesse longo tempo que vem competindo e desbravando diferentes mares?
O cenário feminino atual está motivado, o Circuito Mundial esse ano veio com novas propostas para a categoria feminina como a Pro Júnior e a Master Feminino. Ambas categorias terão título mundial pela primeira vez e me sinto orgulhosa em ter participado dessa construção para as novas categorias. Digo isso porque na etapa do Circuito Brasileiro que realizei ano passado no estado do Espírito Santo, trouxe a categoria Master para o cenário brasileiro, depois fiz essa proposta para o Circuito Mundial e assim também foi com a Pro Junior. A prova da motivação das mulheres é o número de atletas inscritas aqui nas etapas do Chile.
Hoje aos 46 anos, com 5 títulos mundiais, você tem a grande oportunidade de apresentar o universo do bodyboarding para a Luna, sua filha de 16 anos. O que passa pela sua mente em relação a isso, quais os sentimentos envolvidos?
Vivenciar as competições ao lado da minha filha está sendo incrível. Às vezes volto no tempo lembrando dos meus anos iniciando no Tour Mundial, vendo-a competir nos mesmos lugares que fiz história. E tem muita gente vibrando conosco, torcendo por nós e acompanhando o esporte. Isso é massa, tenho um orgulho enorme por ela ter escolhido também o bodyboarding, depois de passar por alguns outros esportes. Toda mãe quer a felicidade do filho, né? E ver que ela está se divertindo acima de tudo, vivendo tudo isso… É minha maior satisfação, valor que dinheiro não paga.
Se pudesse aconselhar outros pais nesse sentido, o que diria?
Eu aconselho aos pais que, se puderem, a fazerem um esporte junto aos seus filhos e que não coloquem pressão por resultados, pois estes são consequências. Também não recomendo colocar expectativas antes deles mesmos estarem preparados para serem profissionais. Cada fase no seu tempo, não queiram acelerar por resultados. Criança tem que ser criança, adolescente tem que ser adolescente e assim vamos seguindo. Sou feliz em ter o privilégio de estar junto a minha filha nessa fase.
Com tudo o que vem acontecendo, essa sua volta ao tour mundial com sucesso, se sente mais confiante para brigar e alcançar o topo do mundo pela 6ª vez na vida?
Estou 100% motivada e focada para disputar sim mais um título, esse é o maior objetivo desse ano, além de motivar novas adeptas ao redor do mundo com meu amor pelo esporte.
Para finalizar, o que você pode falar sobre a parceria de décadas com a Kpaloa, que te acompanha desde que você era uma menina de grande destaque nas competições?
A Kpaloa é uma empresa que está comigo nas melhores fases da minha carreira. Sempre presente em todas as minhas iniciativas, seja no projeto social e eventos que venho produzindo. A Kpaloa tem uma essência de muito amor ao que faz, assim como eu.