Há mais de 10 anos, a professora de Educação Física Danuza Siqueira trabalha com crianças e adolescentes no Projeto Social Instituto Mangueira do Futuro. No entanto, além de dar treinos de natação e levar os alunos para os eventos de piscina, a professora passou a trabalhar também com seus pupilos no mar. Esta semana, Danuza nos contou mais sobre a sua atuação no projeto e a evolução dos alunos.
A equipe da Mangueira começou nas piscinas e hoje está competindo na modalidade de águas abertas. Como surgiu essa ideia?
A ideia surgiu quando o evento Rei e Rainha do Mar lançou uma prova no mar, categoria kids. Falei com a equipe sobre a ideia de participar, porém eles ficaram muito assustados e acharam que não iriam conseguir. Eram provas de 200 m e 400 m, e a primeira foi na praia do Recreio no ano de 2016. E logo de imediato conseguimos pódio com duas meninas. Assim os alunos começaram a se animar e desde então estamos sempre participando das etapas. Começamos nas provas kids e depois fomos para as provas maiores do Rei e Rainha do Mar, junto com os adultos. Nunca deixamos de “medalhar” na categoria das provas maiores e subir no pódio geral da prova kids. Já fomos também para algumas etapas do XTERRA, outra competição de águas abertas, sendo que conquistamos medalhas em todas as participações. Com o passar do tempo, começamos também a ficar entre os 10 primeiros no ranking geral das provas maiores.
E como vocês se organizam em relação aos treinamentos? Eles continuam sendo na piscina ou há uma mescla de treino no mar?
Os treinos ocorrem três vezes por semana na piscina. Quando estamos em temporada de competição, os alunos fazem dobra de treino, ou seja, treinam duas vezes por dia a semana toda. Em alguns finais de semana, levo os alunos para a praia de Copacabana também.
Você poderia falar um pouco sobre a participação na travessia Poliana Okimoto que ocorreu em Ilhabela este ano?
A Travessia da Poliana Okimoto, embora tenha pouco tempo de existência, já é uma das melhores e mais organizadas que gostamos muito de participar. Sem contar que é uma grande oportunidade de conhecer outras praias fora do nosso Estado (Rio de Janeiro). A propósito, alguns atletas nunca tinham viajado, até mesmo de avião. Nessa travessia (Poliana Okimoto) percebemos que estamos fazendo um bom trabalho. Os resultados foram incríveis. Achávamos que só éramos bons por estarmos no nosso estado. Agora estamos vendo que é possível competir em mais lugares no mesmo nível que a galera que tem mais recursos do que nós.
Tanto no mar como na piscina, qual é o grande objetivo da equipe Mangueira para o ano de 2022?
Como sempre, estamos conseguindo bons resultados nas provas. Somos federados pela Federação Aquática do Rio Janeiro (FARJ). Assim, resolvemos renovar a nossa federação e nos inscrevemos no primeiro Estadual de Maratona Aquática do ano. Essa competição aconteceu dia 24 de junho em Niterói, onde participamos com nove atletas (masculino e feminino) na prova de 3 km, sendo que essa foi a nossa primeira maratona pela federação e com premiação em dinheiro.
Em relação a programação específica de provas em águas abertas, este ano vocês pretendem focar em provas de percurso menor ou vão gradativamente participar de provas mais longas?
Estamos aumentando os nossos percursos gradativamente e de acordo com a especificidade de cada atleta. Temos atletas de provas curtas, de meio fundo e fundo. Esse ano, além da maratona da FARJ, temos mais quatro provas no mar nos nossos planos.
Nesse caminho, teve algum aluno que demonstrou muito medo de nadar no mar, porém superou a fobia?
Quando dei a ideia de nadar no mar, todos ficaram bem assustados e com medo de ver peixe ou tartarugas. Tinham receio das ondas também, acho que esses eram os maiores medos deles. Em um dos treinos, uma aluna viu um peixe e saiu desesperada da água. Tive que conversar muito e ela decidiu voltar a nadar. Aceitou também participar do Rainha do Mar, que foi em fevereiro em Copacabana (uma prova só para mulheres). Felizmente, ela conseguiu ficar em primeiro lugar na categoria dela! Foi bem legal vê-la feliz e com toda a família assistindo! Ela levou uma baita torcida.
Nesse sentido, como você vê o mar como ferramenta de inclusão e até mesmo de superação para a vida?
Eu sou suspeita para falar sobre o mar. Surfei por muitos anos na minha vida e sou movida a praia. O mar é o melhor lugar para nadar e também aprender a nadar. Esse contato com natureza é um dos mais incríveis que temos! Todo mundo deveria ter essa experiência de nadar no mar. A sensação de terminar uma prova no mar é inexplicável! A gente sai falando para si: eu posso! Eu consigo! E não importa a colocação, o importante é terminar. Nas provas que participamos, encontramos atletas com deficiência física e também com Síndrome de Down. Eles saem do mar com a mesma satisfação de superação de todos. O mar é inclusão! O mar é saúde! O mar é vida para nós.
Qual a importância de ter uma marca brasileira, como a Kpaloa, que apoia projetos sociais, fornecendo material esportivo para estimular a prática esportiva e a transformação de vidas?
As doações da Kpaloa com toda certeza vieram para somar e melhorar os nossos resultados. Nossos treinos ficaram melhores e mais técnicos com o uso do pé de pato nas séries. O condicionamento dos atletas melhorou muito e o uso do pé de pato também ajudou nos treinos no mar. A Kpaloa com certeza tem sido uma parceira de grande importância para a nossa natação e não temos dúvidas que nossos resultados irão melhorar cada vez mais! Atitudes como essa da empresa Kpaloa são de extrema importância para projetos sociais como o nosso. Somos extremamente gratos pelas doações.