Conceição Toscano, carioca, aprendeu a nadar na piscina aos 28 anos. Hoje aos 77 anos, cheia de energia, pratica natação no mar três vezes por semana no posto 6 de Copacabana e garante que essa é uma experiência maravilhosa.
Como e quando conheceu a natação? Começou praticando na piscina mesmo ou no mar?
Quando eu tinha 28 anos, eu morava em Brasília ainda e não sabia nadar. Eu tinha três filhos que estavam na escolinha de natação. Então eu pensei que se eles estavam fazendo aula na escolinha, eu podia entrar também para aprender a nadar. E eu aprendi a nadar com essa idade, na piscina, em Brasília.
De onde veio o hábito de praticar natação? Foi uma paixão que surgiu de forma espontânea ou alguma outra razão?
Eu sempre gostei da natação, não como competição, mas como esporte mesmo. Minha filha foi nadadora, campeã brasileira, foi da seleção brasileira de triathlon. E em Brasília eu participava muito na parte de organização da natação porque naquela época a FABRA (Federação Aquática de Brasília) estava sendo criada. Então nós, os pais, fazíamos tudo. Nós cronometrávamos, nós éramos juízes de raia, nós fazíamos a competição. E eu era secretária da FABRA, participava e fazia tudo isso. Assim foi durante 18 anos, que foi quando fui embora para o Rio de Janeiro e cheguei no Flamengo. Meus filhos já estavam criados, crescidos, cada um com a sua vida. E eu fui para o Flamengo para voltar a nadar, mas sem o objetivo de competição já que eu nadava apenas porque gostava de nadar. Continuei nadando, depois parei por um período e fui fazer hidroginástica, algo que faço até hoje porque é uma atividade muito forte na parte social. Depois de uma certa idade você precisa da parte social, após a aula de hidro tem um cafézinho, um bolinho, um bate-papo, fazemos almoços e comemoramos aniversários também. Então essa parte social, depois de uma certa idade eu acho muito importante.
Qual é a sua rotina de vida?
Nas manhãs de segunda, quarta e sexta eu ia para a hidroginástica, pois o clube suspendeu as atividades devido a pandemia. A minha filha, que tem uma assessoria esportiva, começou a fazer natação no mar porque os clubes estavam fechados e não podia mais nadar. Apesar de ter nadado no mar algumas vezes, eu tinha pavor, medo de nadar no mar. Porque uma vez eu estava nadando, vi uma tartaruga, acabei me apavorando com ela e quase me afoguei. Mas faz 6 meses que estou nadando no mar e estou gostando, faço 3 vezes na semana, terça, quinta e sábado. Mas eu pratico como uma brincadeira, não quero fazer maratona aquática ou algo tipo, é mais por saúde mesmo. Ah e nas quartas das 15h às 16h eu participo do coral, mas diante da pandemia está sendo online. E das 16h às 18h faço aula de memória cognitiva, que também era presencial e agora é online. Eu adoro essas aulas de memória cognitiva, adoro fazer aqueles joguinhos.
O que a natação no mar representa na sua vida?
Atualmente representa principalmente saúde e mobilidade porque eu sou obrigada a me movimentar. E essa é uma atividade que me traz uma mobilidade muito grande. O meu meio de transporte há 7 anos é a bicicleta, não tenho mais carro, me locomovo de bicicleta pela Zona Sul carioca. Então eu preciso ter saúde e mobilidade para poder, inclusive, continuar andando de bicicleta.
Qual a importância do esporte em geral na vida do ser humano?
Eu acho que a importância do esporte é a saúde. Para o jovem é a questão da disciplina. O atleta precisa de disciplina porque ele tem que acordar cedo, ele precisa se alimentar bem. O atleta que quer ter bons resultados precisa ter uma disciplina muito grande na vida, seja na hora do estudo, na hora da alimentação, nos treinos. Então eu acho que toda pessoa deveria começar a praticar um esporte, seja lá qual for, desde a infância e depois decidir se quer seguir no esporte como atleta ou não.
Se pudesse dar um conselho para as pessoas que não estão ativas fisicamente, o que diria?
Pratique qualquer esporte. Não tem essa história de ter idade. Eu quando resolvi nadar no mar aos 77 anos enfrentei como se fosse uma nova atividade, enfrentei meus medos. Já tem 6 meses que eu nado no mar, eu nado com aquela boia na barriga e uso pé de pato. Porque eu ainda tenho receio de, de repente, eu estar lá no meio do mar e ver um tubarão, uma baleia, uma tartaruga. Então eu me sinto mais segura com a boia e o pé de pato. As meninas mais novas, de 50, 60 anos, dizem pra mim “Ah Conceição, você nada melhor sem boia do que com a boia”. Às vezes eu até tiro a boia, mas eu me sinto mais segura com ela. É um desafio, a natação no mar está sendo um desafio para mim. Mas vale muito a pena.