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Histórias e conquistas da bicampeã mundial de bodysurf: entrevista com Isabelle de Loys

Aos 8 anos de idade, Isabelle de Loys já era uma apaixonada pelo bodysurf e começava a explorar seu potencial na praia do Leme. Com apenas 20 anos de idade, a atleta competiu o seu primeiro mundial de bodysurf, onde conquistou o título de vice-campeã na praia de Oceanside, na Califórnia. Ao longo de duas décadas, Isabelle foi patrocinada por grandes marcas, representou o Brasil em muitos eventos de bodysurf e nos contou sobre a sua trajetória.

Como, onde e quando você começou a surfar de peito?

Comecei na praia do Leme no Rio de Janeiro, onde morava desde 1972. Eu pegava onda de jacaré como chamávamos na época e era descer reto na espuma. Naquela época manobras não existiam e muitas vezes pegávamos com uma pranchinha de isopor chamada de plano, da Sim, lembro que tinham modelos Copacabana e Ipanema. Naquele tempo não tinha as pranchinhas de handsurf e era comum usarmos as raquetes de frescobol fabricadas por nós mesmos.

O que te motivou a ser bodysurfer e a entrar no mundo das competições?

Tudo começou com uma brincadeira, na época eu tinha 7 anos. Eu e minha irmã gêmea, Marie, íamos à praia com muita frequência, pois morávamos uma rua atrás. Aos 16 anos de idade ocorreram pequenos eventos de surfe de peito e o meu primeiro foi na praia do Forte São João, na Urca. E como eu não tinha dinheiro para a inscrição, eu e minha irmã fomos pedir ajuda a uma loja chamada Vansport e ganhamos uma camiseta e a inscrição do campeonato. Éramos as únicas meninas!! Dali para frente começamos a ter informações de outros pequenos campeonatos, como os que eram organizados por Sérgio Azevedo e Maurício da ASPERJ (Associação de Surf de Peito do Estado do Rio de Janeiro) e por Carlos Schmoll “Alemão” da ASPPC (Associação de Surf de Peito do Posto Cinco).

Comecei então a fazer parte destas associações e participar dos eventos. Em um deles na praia de São Conrado, o mar estava enorme e havia uma menina participando, ela se chamava Claudia Ripper. Foi bem impressionante. Depois fui chamada para ser diretora da ASPPC e lá começamos a treinar pessoas, como o Guilherme Tâmega, que na época era um garotinho. Aos 17 anos mais ou menos eu e minha irmã já éramos bem conhecidas como as “gêmeas do surfe de peito”, “as sereias do Leme”. E a minha irmã já estava namorando o Marcus King, que ganhou em 1977 uma prancha de bodyboarding do Tom Morey em um sorteio. E ali começou a nascer também o bodyboarding no Brasil.

Falando em eventos, quais são os seus principais títulos?

Em 1995, conquistei o título de campeã mundial e em 1997 veio o bicampeonato. Além disso, participei dos campeonatos americanos, onde me sagrei tricampeã americana em 1991, 1995 e 1998.

Qual o sentimento em saber que você contribuiu significativamente para o desenvolvimento do bodysurf? Você imaginou algum dia que isso poderia acontecer? Conta alguns momentos que te marcaram.

Nunca poderia imaginar. Na época éramos ícones, símbolos do bodysurf. Quando o Mauricio da ASPERJ começou a articular que o Brasil poderia fazer parte de um evento mundial em Oceanside, na Califórnia, foi algo que parecia impossível. Não tínhamos dinheiro, não tínhamos nada! Nesta época, os salva-vidas já eram do Corpo de Bombeiros e éramos as ajudantes deles em salvamento, aliás éramos respeitadas por todos principalmente pela primeira turma de 85. Com isso, o Maurício articulou uma viagem a Noronha, que na época era território e base estritamente militar.

Por isso fomos no avião da FAB (Força Aérea Brasileira) e acampamos por 11 dias na praia do Boldró para a nossa equipe treinar antes do mundial. Para ter uma ideia, na ilha não circulava o cruzeiro, a moeda da época. Eram contas de plástico de diferentes cores, cada uma representando um valor, que se encaixavam como um colar chamado de pompete. Meses depois, em agosto de 1988, estávamos partindo para a Califórnia, eu, minha irmã e mais 10 surfistas de peito! Patrocinados pela surfwear Ozônio, lá eu fui a única a conquistar a 2ª colocação no mundial. Quando voltamos para o Brasil, as portas se abriram. Muitas entrevistas, patrocínios e campeonatos. Hoje estamos no museu do bodysurf em Oceanside e também no primeiro livro sobre o esporte no mundo.

Além de ter uma bela relação com o surfe de peito, você se preocupa muito com o meio ambiente. Você acha que essa conexão com a natureza e as ações que você faz em prol da preservação ambiental surgiram a partir do bodysurf? Ou de alguma forma se intensificaram por conta do seu contato diário com o mar?

Com certeza o esporte teve uma grande influência na minha participação em questões ambientais. O contato que sempre tive com o mar, com a fauna marinha em si, fez com que eu desde pequena me atentasse à natureza, em minhas atitudes. Eu queria que o Leme permanecesse intacto e saudável, ficava preocupada com aquele cantinho onde eu comecei, por brincadeira,  a pegar onda de peito. Agora claro que naquela época, nas décadas de 70, 80 e no início de 90, o papel era muito mais utilizado. Você não tinha a presença massiva de plástico nas praias e isso minimizava inclusive os impactos ambientais. Hoje o plástico é um dos maiores problemas, para qualquer lugar que você vá, não apenas as praias, os oceanos, mas também nos campos e nas montanhas o plástico é uma praga.  Hoje a concepção é outra. E sem dúvida alguma foi o esporte que me levou à escolha da minha profissão como arquiteta na área de sustentabilidade.

Em Fevereiro você esteve em Fernando de Noronha e surfou com o Kpaloa Tritão ao lado do Henrique Pistilli. Qual foi a sensação com o Tritão? O que achou dessa nadadeira para praticar bodysurf?

Pistilli me apresentou o Tritão, algo que foi maravilhoso para mim. Porque semanas antes eu havia comprado uma nadadeira de outra marca que “acabou” com os meus pés, inclusive até hoje estou com algumas feridas. Quando eu usei o Kpaloa Tritão parecia uma luva… eu não senti absolutamente nada negativo, pelo contrário, senti muito conforto e fluidez na pernada. Curiosamente no início da minha carreira quando eu tinha mais ou menos 16 ou 17 anos, eu usava o Kpaloa, que tinha sido dado a mim como apoio da Vansport. E anos depois, ao experimentar o Tritão, fiquei feliz em conhecer esse modelo, pois é um pé de pato maravilhoso.

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Team Kpaloa

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