Como falar de esporte sem lembrar daqueles que eternizam momentos através das lentes? Ao longo de sua existência, a Kpaloa sempre admirou o trabalho dos fotógrafos e tem a honra de contar com excelentes profissionais. Aleko Stergiou é fotógrafo há mais de 20 anos, reside em Maresias e é apaixonado pelas nadadeiras Kpaloa! Essa semana conversamos com o experiente fotógrafo que já percorreu o mundo captando grandes momentos!
Como e onde você começou a fotografar? A princípio você já fotografava surf ou tinha outros objetivos?
A fotografia sempre esteve presente em minha família através do meu avô que era um viajante. Com isso, o meu carinho pela fotografia se transformou em amor e com o incentivo de amigos iniciei um curso de fotografia de 2 anos já com o pensamento nas ondas. Sempre gostei de nadar e ficava fascinado com as imagens aquáticas nas revistas.
Você se recorda da sua primeira câmera? Chegou a pegar aquela época em que era difícil encontrar uma caixa estanque no Brasil?
A minha primeira Câmera foi uma Canon EOS 500 analógica e a dificuldade para obter a caixa estanque foi enorme, já que o mercado era super limitado. Não existia internet e foi bem difícil no começo, até que conheci o falecido Ivan de Florianópolis que foi o pioneiro aqui no Brasil. Fui de São Paulo até Floripa somente para ver a construção da caixa e testá-la.
Atualmente você utiliza quais equipamentos para fotografar? E qual a nadadeira que você prefere para exercer a sua profissão?
Já estou no mercado de fotografia há 20 anos e neste ramo, principalmente nesta era digital, é preciso se atualizar. Sempre gostei de buscar novas experiências, já passei pela fase analógica, digital. Há 3 anos trabalho exclusivamente com o celular, neste momento uso o iPhone 12 Pro Max com uma capa especial à prova d’água. Sobre a nadadeira, sem dúvida Kpaloa me dá segurança, agilidade e conforto. Por muitos anos comprei e testei vários tipos de nadadeiras, mas sempre tinha algo que incomodava, principalmente as dores. O Kpaloa Tritão envolve meu pé como uma meia e me dá muita explosão nas ondas e principalmente na correnteza.
Hoje a sua casa é Maresias, certo? Você nasceu em São Sebastião ou mudou-se para a cidade por causa da fotografia?
Maresias é um lugar muito especial na minha vida, foi aqui onde tudo começou no ano de 1999. Ficava fascinado com as ondas, os tubos e a praia linda… Sou paulistano do tradicional bairro da Mooca, porém Maresias foi a minha grande escola. Fiquei alguns anos viajando pelo mundo, mas em 2011 fui morar em Ubatuba, em 2017 me mudei para Maresias para trabalhar no instituto Gabriel Medina e atualmente continuo morando no pico.
Como você define o seu olhar? Qual fator você acredita que seja capaz de definir o estilo das suas fotos?
Eu defino meu olhar e estilo mais ligado ao movimento das ondas com a arte. Sempre gostei de arte, trabalhei em estúdios de fotografia e tive grandes mestres em vertentes diferentes nesta arte, então procurei ao longo dos anos extrair arte através do surf. O grande destaque do meu trabalho sempre foi a fotografia aquática e mesmo nesses tempos que a fotografia evoluiu ainda é um ângulo especial e exige muita técnica.
Você certamente já viajou bastante, não é mesmo? Tem ideia de quantos países conheceu por causa da sua profissão?
Foram centenas de viagens por praias do Brasil e lugares exóticos ao redor do mundo. Tive o privilégio de, através do trabalho de fotografia, fazer mais de 80 viagens internacionais, realizando coberturas do mundial de surf, reportagens para revistas e surf trips.
Qual é o seu top 3 de lugares inesquecíveis que você já fotografou?
Viajar é fantástico, escolher apenas 3 lugares é muito difícil, mas vou pela lembrança, receptividade, amizade e as ondas. Meu lugar preferido disparado é o Tahiti, na Polinésia Francesa, onde tem a onda mais espetacular do planeta: Teahupoo. Esse lugar é fascinante. Tive o privilégio de estar lá 25 vezes, passei períodos longos, criei laços de amizade e fiz as fotos mais importantes da minha carreira. É simplesmente o lugar mais bonito da Terra, um prato cheio para qualquer fotógrafo. O segundo lugar que também sou apaixonado é Fernando de Noronha, o paraíso Made in Brasil. Com os tubos cristalinos verde esmeralda, natureza muito presente, me deu grande base para enfrentar as ondas do Tahiti, do Hawaii e outras ondas pesadas mundo afora. Um excelente lugar para produzir fotos e vídeos, além do alto astral que a pequena ilha tem, esse lugar é tudo de bom. O terceiro lugar que sempre vem na memória são as ilhas Mentawai, na Indonésia, a grande disneylândia do surf. Gosto muito dessa viagem porque traz muita liberdade, ficar 15 a 20 dias dentro de um barco, apenas indo atrás das ondas é um grande sonho para qualquer surfista, altas ondas de todos os estilos.
E se fosse para escolher 3 lugares no mundo que você quer muito ter a oportunidade de fotografar, quais seriam?
Dos lugares que gostaria de poder ter uma nova experiência no surf, primeiro seria uma trip para o México. Infelizmente nunca tive a oportunidade de estar neste lugar, mais especificamente Puerto Escondido, uma onda que eu gostaria muito de registrar. Um segundo lugar inusitado que gostaria muito de conhecer são as ondas de Nova York. Na época de setembro e outubro, altas ondas quebram com o visual da arquitetura da “capital do mundo”. O terceiro lugar é muito diferente de qualquer outra surf trip tradicional. O berço da civilização humana, as ondas da Grécia. Tenho bons contatos por lá e alguns lugares do mar mediterrâneo proporcionam cenas fantásticas das ondas azul turquesa… quem sabe um dia chego lá.
Diga uma foto de dentro d’água e uma de fora d’água que você fez e que considera representar uma história emocionante.
Foi no Tahiti que fiz a foto mais importante da minha vida, uma das mais icônicas da história do surf mundial. A famosa foto do aceno de Andy Irons para o multicampeão Kelly Slater, um click que ficou eternizado na história. A foto aquática que tenho um carinho especial foi feita com o ídolo do surf Brasileiro Fábio Gouveia, em um swell histórico na praia de Maresias em 2004. Lembrado até hoje por muitos, esse foi um dos dias mais perfeitos que vi nessa praia em toda a minha vida. Para mim foi importantíssima já que eu estava no início de um trabalho com as revistas brasileiras. Na época, a cobrança por uma boa porcentagem de fotos boas em um rolo de 36 poses tinha que ser alta e naquele dia o meu aproveitamento na água foi bem alto, a ponta daquela fotografia ter sido a minha primeira capa de revista.
Conta um momento épico que você viveu por causa da fotografia.
O momento épico, o ápice para mim foi ter tido a oportunidade de estar presente no maior swell da história de Teahupoo, o famoso Code Red. Foi o maior espetáculo de ondas que eu já presenciei e registrei. Ver e sentir a força do oceano de pertinho foi realmente fantástico na minha vida.
Qual foi a maior conquista que a fotografia já proporcionou na sua vida? E o que você ainda espera alcançar profissionalmente falando algum dia?
A maior conquista que a fotografia me proporcionou foi a liberdade para criar, a chance de aprimorar o meu olhar, aprimorar a minha vida culturalmente, conhecer lugares incríveis. A fotografia é uma grande ferramenta, é magia, mas precisa estar atento, ter disciplina, paciência e atenção. A busca sempre será eterna. A cada dia estou em busca de aprimorar a técnica, os ângulos, a visão e poder sempre compartilhar essa arte das ondas com todo mundo… esse é o objetivo.